domingo, 20 de setembro de 2009

Carta de Solidariedade aos Povos Indígenas, despejados de suas terras, despidos de seus direitos

Através desta, nós militantes dos diversos movimentos sociais, agentes de pastorais das igrejas Anglicana, Batista, Católica e Luterana, e participantes do 5º Seminário Nacional de Teologia da Libertação e Educação Popular, realizado em Porto Alegre nos dias 18, 19 e 20 de setembro de 2009, queremos manifestar a nossa revolta em relação ao descaso com povos indígenas de Mato Grosso do Sul e registrar o nosso apoio às suas lutas que, como tantas outras neste país, vêm sofrendo um processo de criminalização favorável apenas aos interesses do agronegócio apoiado pelo Governo daquele Estado.
Durante o seminário, enquanto dialogávamos com as teologias a partir dos povos indígenas, recebemos com indignação as notícias do despejo dos Guarani-Kaiowá da aldeia Laranjeira Ñanderú e de outras aldeias em Mato Grosso do Sul.
Acontecimentos como estes são dignos de revolta contra os governos omissos, contra os órgãos que têm a obrigação de executar as políticas públicas de acesso à terra e de garantia de direitos, e contra as entidades de fazendeiros que se organizam violentamente em defesa de seus interesses.
Comprometidos e comprometidas com as causas sociais e populares que igualmente são marginalizadas, movidos e movidas pela utopia de uma vida digna para todos e todas, manifestamos o nosso repúdio a tal ação, que desconsidera a vida humana.
Revolta-nos ainda saber que, com uma das maiores populações indígenas do país, Mato Grosso do Sul é o estado que conta com o menor índice de terras demarcadas e homologadas.
Denunciamos as inúmeras mortes de lideranças indígenas, cujos assassinos, até o presente momento, não foram punidos, enquanto lideranças indígenas são criminalizadas e presas por reivindicarem seus direitos, já assegurados pela Constituição Federal.
Manifestamos nossa indignação e nossa solidariedade com este povo irmão que, junto aos outros movimentos sociais populares, vem sendo oprimido, mas não se cala. Ainda temos voz, não uma apenas, mas várias! E mesmo que alguma voz venha a ser silenciada, continuará ecoando nos nossos horizontes na luta por um mundo melhor.
Porto Alegre, 20 de setembro de 2009.

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